Os novos graffitis da 23 de Maio em SP

Marcelo Müller
12 de abr. de 2015
2 min de leitura

Em dezembro de 2014, acompanhamos o início de alguns murais na Av. 23 de Maio, em São Paulo, que atualmente sedia uma das maiores galerias de graffiti a céu aberto da América Latina. Agora nós retornamos ao local para ver as criações prontas, que se espalham por aproximadamente 10 quilômetros de extensão, desde as imediações do Parque do Ibirapuera até à região central.

Ao todo, 70 murais colorem 15 mil metros quadrados da via, sendo que um deles foi bem polêmico. Nos Arcos do Jânio, já na região central da cidade, um dos desenhos foi interpretado como uma imagem semelhante à de Hugo Chávez, gerando revolta e, inclusive, mais uma intervenção em cima: uma tarja vermelha e uma mão pintadas sobre o rosto. Os autores do desenho declararam que nada tinha a ver com o político em questão, mas resolveram acabar com a especulação.

Outros ainda questionaram as artes feitas num patrimônio histórico, mesmo que não tenham interferido em nada na sua estrutura, preservando-a e trazendo um novo olhar para o local, construído em 1987. Mesmo diante dos possíveis problemas, 450 artistas completaram suas obras com primor, unindo-se uns aos outros em parcerias artísticas importantes e interessantes para deixar São Paulo cada vez menos cinza.

As fotos trouxeram alguns desafios, já que a avenida não possui calçadas largas em todo o percurso, os carros passam freneticamente e não há muito espaço ou tempo sem que automóveis cruzem os desenhos para conseguir registrar todas as imagens. Para vê-los de perto, a caminhada à pé acaba sendo melhor do que de carro, embora não dê uma visão das mais privilegiadas.

Ainda ao longo do caminho, inúmeros desenhos e formas de expressão se misturam, inclusive de pixadores, que aproveitaram para tirar uma casquinha da iniciativa da Prefeitura e de grafiteiros e deixaram suas marcas. No final das contas, o importante é que os muros, muito mais do que um pedaço de concreto, agora dialogam com a cidade. Os muros falam, protestam e alimentam nossos olhos cansados no meio do trânsito.